1. BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ____. Estética da criação verbal - 1953/79. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
Mikhail Bakhtin (1895-1975), filósofo da linguagem russo, vem influenciando o pensamento científico em diferentes áreas do conhecimento. Este capítulo de Estética da criação verbal tem apenas sete páginas e muitas idéias! É dele que foi extraída a proposta de trabalhar com gêneros de discurso no ensino de língua. A princípio, quando se lê pela primeira vez, parece simples. A profundidade do texto, porém, é muito grande. É daqueles textos que se podem ler muitas vezes e sempre aprender coisas novas sobre os conhecimentos que lá estão. O trecho onde Bakhtin dá o conceito de gênero está no início do capítulo: "Qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso." (p. 279) Nesse trecho, ele diz que ao mesmo tempo em que cada enunciação (ou expressão verbal, oral ou escrita) é única, ela conserva traços mais permanentes, mais estáveis, que indicam a área de produção de conhecimento na qual a expressão verbal ou enunciação ocorre. É a partir dessa idéia de "tipos relativamente estáveis" que podemos utilizar as situações de produção dos gêneros para compreendê-los melhor. Não é uma grande contribuição? Mesmo sem ter intenção de ensinar língua, a contribuição foi tanta que dela saíram muitos dos livros indicados a seguir.
2. BENJAMIN, W. Obras escolhidas Vol. 2 – Rua de mão única. São Paulo: Brasiliense 2004.
O livro de Benjamin, entre outros temas filosóficos de relevância, trata da arte do narrador, em belíssimo texto.
3. BOSI, E. Velhos amigos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Neste livro dirigido a crianças e jovens, Ecléa Bosi traz memórias de velhos operários, imigrantes e outros personagens anônimos da vida brasileira, com uma abordagem literária. A autora nos ensina que não devemos perder a oportunidade de conversar com idosos, pois com certeza eles têm muito a nos contar.
4. GERALDI, J.W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
Wanderlei Geraldi, professor na Unicamp, foi um dos pioneiros na reflexão sobre as mudanças necessárias para a melhoria do ensino de língua. Neste livro muito atual (embora tenha sido publicado há mais de dez anos pela primeira vez), Geraldi reflete sobre língua e linguagem em suas dimensões social, política e histórica. Vale a pena ler. Endereço da imagem de capa.
5. KLEIMAN, A.B. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1999.
Ângela Kleiman é professora na Unicamp e uma das mais importantes estudiosas do ensino de língua no Brasil. A autora, partindo do princípio de que a escola não é a única instância onde os sujeitos se apropriam do mundo da escrita, reuniu nessa obra vários artigos representativos do pensamento de lingüistas preocupados em refletir sobre letramento no início dos anos 1990. Vale a pena ler.
6. MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
Luiz Antonio Marcuschi é doutor em Filosofia da Linguagem e professor na Universidade Federal de Pernambuco. Muito interessante, seu artigo trata de gêneros textuais como práticas sócio-históricas. É o primeiro capítulo do livro Gêneros textuais e ensino, que contém outros catorze artigos voltados para esse assunto.
7. SCHNEUWLY, B., DOLZ, J. & colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. de Roxane Rojo e Glais Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
Os autores da maior parte dos artigos deste livro, Dolz e Schneuwly, são professores pesquisadores na Universidade de Genebra, Suíça. Na resenha publicada pela Editora, as organizadoras e tradutoras dos artigos de Schneuwly e Dolz demonstram como esse autores inspiraram muitas das orientações e dos referenciais novos que os PCNs puseram em circulação nas escolas e nos programas de formação de professores, ao mesmo tempo em que geraram inúmeras dúvidas quanto a como pensar o ensino dos gêneros escritos e orais e como encaminhá-lo de maneira satisfatória. Entre os artigos nele reunidos, é especialmente interessante o primeiro, de autoria de Schneuwly, no qual ele utiliza o conceito de gênero de discurso de Bakhtin acima citado para fundamentar sua teoria de gêneros de discurso como instrumentos ótimos para o ensino e a aprendizagem de língua.
8. SOARES, Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica/CEALE, 1998.
A autora, uma das maiores especialistas brasileiras em ensino de língua, é licenciada em Letras, doutora em Educação e professora na Universidade Federal de Minas Gerais. Segundo a resenha da Editora Autêntica, a obra, embora esteja centrada numa única temática, assume, a cada diferente situação de comunicação (diferentes interlocutores, modos de circulação, gêneros e modos de dizer), um novo ponto de vista, uma nova posição a partir da qual o tema do letramento pode ser visto, analisado, (re)significado. Este não dá para não ler!
9. ROJO, R.H.R. (Org.). A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. São Paulo, Campinas: EDUC, Mercado de Letras, 2000.
Roxane Rojo é doutora em Lingüística e pesquisadora associada na Universidade de Genebra. É uma das responsáveis pela introdução, no Brasil, dos estudos sobre ensino de língua na perspectiva dos gêneros textuais. Segundo a resenha da Editora, este livro é especialmente dedicado a professores e a multiplicadores e formadores de professores em serviço, e aborda questões relativas ao que é necessário compreender/fazer para transformar os PCNs em prática de sala de aula, no que diz respeito à organização de programas de ensino e à preparação e uso de materiais didáticos e de procedimentos de sala de aula.
10. THOMPSON, P. A voz do passado, história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Este livro é um clássico da história oral. Fala da importância das memórias e ensina a fazer entrevistas para obter bons depoimentos. Sua leitura contribui muito para o desenvolvimento de bons trabalhos com memórias.
11. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros curriculares nacionais em ação de 1ª a 4ª, 5ª a 8ª séries e Ensino Médio.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
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CAMINHOS DO GESTAR
CAMINHOS
"Um barco sai para o leste e outro para o oeste
Levados pelo mesmo vento que sopra;
É a posição das velas,e não o sopro do vento,
Que determina o caminho que eles seguem.
Como os barcos no mar,assim são os caminhos do destino
Ao navegarmos ao longo da vida;
É a posição da alma que determina a meta... "
(ELLA WHEELER WILCOX)